Alex Hess, do The Guardian, escreveu um texto questionando a era dos atores fortões em Hollywood. Na coluna que ele assina no jorna britânico, o jornalista cita o alvoroço causado pela atual forma física de Mark Wahlberg. A publicação da rotina diária do ator inclui duas sessões de ginástica, seis refeições e uma hora cultivando seu torso em uma câmara de recuperação criogênica. “Ou seja: o valor cultural de um homem nos dias de hoje pode ser medido com exatidão pela circunferência do bíceps dele”, escreveu Hess.
O jornalista continua ressaltando que as maiores bilheterias do momento trazem quase sempre elencos onde os fortões dominam as telas, como é o caso de Velozes e Furiosos 8.
“Se você estava se sentindo inseguro sobre uma sociedade que poderia escolher um astro do showbiz parecido com o presidente do país, que tal uma realidade em que cujos ícones culturais se parecem mais com personagens de desenho animado do que com pessoas?”, questiona.
Ele lembra, no entanto, que o fenômeno não é novo e data dos anos 80. Naquele período, filmes como Rambo e Exterminador foram muito populares. “No ano da eleição de Reagan, Sylvester Stallone fez sua primeira aparição como John Rambo e Arnold Schwarzenegger fez a transição de fisiculturista para estrela de ação com Conan, o Bárbaro”, recorda.
No entanto, os ícones de ação dos anos 70 foram Clint Eastwood, Gene Hackman e Charles Bronson, Na visão dele, pessoas bem diferentes e que tinha hábitos comuns, eram durões, beberrões e de aparência normal.
“Avançando três décadas, enquanto um Wahlberg armado se ergue sobre nós em outdoors, é tentador concluir que fizemos um círculo completo. Por que a vontade renovada de empurrar esses homens enormes para as nossas telas? É quase como se os EUA estivessem tentando compensar alguma coisa”, conclui.
No entanto, Hess acredita que existam algumas diferenças entre os brutamontes dos anos 80 e os atuais.
“Os personagens aperfeiçoados por Diesel e Johnson, em particular, são deliberadamente patetas e calorosas (se há uma coisa que os filmes Velozes e Furiosos adoram mais do que uma corrida de rua dizimando a cidade, é uma sincera amizade enquanto os atores tomam goles de Coronas geladas), embora isso provavelmente diga menos sobre o atual Zeitgeist do que a disputa por apelo de massa que tomou conta da Hollywood da era da Marvel”.
Para terminar, ele traça um paralelo com o passado e tenta colocar na conta da política esse fenômeno,
“De qualquer maneira, podemos dizer com segurança que o apetite dos Estados Unidos por esses heróis hercúleos permanece. O que, claro, conta como missão cumprida para os homens de antigamente, cujas simples ambições foram traçadas por John Rambo em 1985: “Tudo que eu quero é que nosso país nos ame tanto quanto nós amamos! Isso é tudo o que eu quero!”
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