Se tem um negócio que o Facebook sabe fazer é nos mostrar o pior de cada um. Nesta semana, enquanto dava aquela stalkeada na vida alheia, me deparei com a capa da Revista da Folha do domingo — mais um daqueles especiais de Dia dos Pais sem pé nem cabeça. Mas, amiga, dessa vez eles conseguiram se superar. Pensa sobre esta chamada: “Eles conciliam o escritório com escaladas no Himalaia, shows de heavy metal e jardinagem”.
“Nossa, como esses caras são foda.” E não sou eu que estou falando isso. O recheio da revista é ainda mais bizarro. A matéria transforma os pais em “super-heróis” e elenca pra cada um deles uma alcunha diferente: Jair, o motorizado, e Sandro, o veloz, foi os que mais me fizeram rir… de nervoso. Mas tu acha que para por aí? Naaaa. Os caras têm superpoderes como correr, nadar e plantar. Como eu nunca pensei nisso antes? Talvez porque eu viva no mundo real?
No mundo real, esses pais “fodões” sempre puderam conciliar todas essas coisas. E adivinha por quê. Porque tem sempre uma mãe que, além de trabalhar, administrar a casa e cuidar do marido, tem todo o tempo de fazer o seu hobbie favorito, que é… cuidar dos filhos! Nossa! Talvez por isso é que elas não tenham essa folga diária pra ir a shows na Europa, curtir uma caminhadinha no Himalaia etc, etc.
O exercício pra sacar como essa matéria é um absurdo é simples. É só se colocar no lugar da sua mulher, caso você tenha um filho – já ouviu falar de empatia? Sou separado, mas tenho na minha ex e mãe do meu filho minha melhor amiga e conselheira. Além do Teodoro, Juliana tem a Carminha do atual casamento, uma menina linda, irmã do meu filho, que virou minha afilhada. Eu sei, é complicado entender, mas imagina que eu tenho o privilégio de conviver com o meu filho e a irmã dele sempre.
Há umas duas semanas, Teodoro e Carmen vieram dormir na minha casa. Mano do céu! Você sabia que a Carmen, de dois anos, acordou três vezes numa noite só? Que o meu dia seguinte foi um filme de zumbi porque eu mal dormi? E você sabia que a Juliana passa por isso TODO DIA? Ah, e você sabia também que minha namorada, que tem uma filha adolescente maravilhosa, veio dormir em casa pra me ajudar? Porque sozinho talvez eu não desse conta dos dois.
E sim, do outro lado, Juliana tem um marido incrível, mas que como todo nós, homens, tem suas limitações. No nosso melhor, não chegamos nos pés das mulheres quando o assunto é a criação dos filhos. O termo instinto materno não é por acaso, tá? E não estou falando daqueles pais escrotos que somem, não pagam pensão etc. To falando de caras legais, interessados na criação dos filhos. Como eu e você, que deve estar lendo este texto.
É por experiências como essas que eu sempre digo para as minhas amigas que querem ter filhos que pensem muito bem, porque são elas que vão se “fuder”. Elas que vão ter que tirar força de não sei de onde pra conciliar tudo aquilo que eu escrevi um pouco antes. E ainda ter de ouvir frases como “você ESQUECEU de pagar a escola”; “não acredito que você não levou ele na terapia! Assim não dá!”. Este sou eu falando com a Juliana em algumas discussões.
Apesar de me achar um pai participativo e dedicado, eu posso fazer as minhas escolhas. Posso viajar quando eu quero, sair com os amigos, voltar tarde, acordar ainda mais tarde. Não vou ao Himalaia porque não tenho essa grana e porque prefiro outro tipo de superpoder. Mas você percebe que a Juliana e a minha namorada, a Dani, não têm escolha. A vida dos filhos e filhas depende basicamente delas.
É por isso que eu proponho que nesse Dia dos Pais você dê uma folga pras mães. Troque a corrida, a jardinagem e o show de heavy metal por cuidar dos seus filhos enquanto ela faz a porra que ela quiser fazer. Você não sabe o bem que estará fazendo. Ah, e isso vale pros outros dias do ano também, beleza?
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